O director da 79ª Volta a Portugal Santander Totta, Joaquim Gomes, dá a sua opinião sobre cada uma das etapas que a caravana vai ter que enfrentar

Prólogo – Lisboa – 5,4KM
4 agosto, 6ª feira
Os 90 anos da “Volta” apadrinhados pela Cidade de Lisboa

Os 5,4 km do Prólogo, com a Av. da Índia perfeitamente alinhada com o Rio Tejo, será terreno fértil para os grandes roladores que, a grande velocidade, discutirão o mais alto lugar do pódio no fantástico cenário da Praça do Império.

1ª Etapa – Vila Franca de Xira » Setúbal – 203KM
5 agosto, Sábado
Vila Franca de Xira redescobre a Lezíria do Tejo a caminho de Setúbal

A 1ª etapa da “Volta” afirma-se pela extensão e pelas particularidades que sempre fazem da inicial etapa em linha, um dia de grande tensão. Apesar de maioritariamente plana, será certamente abrilhantada por uma forte adesão popular, não fosse o Ribatejo berço de muitas das maiores figuras do ciclismo nacional. As fugas, mais ou menos consentidas, serão uma constante. Será, no entanto, tal como em 2016, no cenário da Serra da Arrábida que os mais fortes se afirmarão. Acredito numa chegada a Setúbal com o pelotão muito fracionado e, por ventura, sem alguns dos potenciais candidatos.

2ª Etapa – Reguengos de Monsaraz » Castelo Branco – 214,7KM
6 agosto, Domingo
A Etapa mais longa traz o Alentejo de “Volta”

Com quase 215 km, a ligação de Reguengos de Monsaraz a Castelo Branco constitui-se como a mais longa etapa da prova. Será o regresso pleno do Alentejo e, quem sabe, das “agruras” que fizeram da região uma das mais marcantes da história da “Volta”. Depois de passar nas “barbas” da Serra de São Mamede com relevo acidentado e certamente muito calor na travessia da Serra de Rodão, a prova entregará à Beira Baixa um pelotão muito desgastado. Em Castelo Branco, desta vez sem circuito final, esperar-se-á uma chegada discutida num esforçado sprint.

3ª Etapa – F. C. Rodrigo » Bragança – 162,1 KM
7 agosto, 2ª feira
Da Beira Alta a Trás-os-Montes atravessando o Douro Superior

Com cerca de 162 Km, a terceira etapa da 79ª Volta a Portugal em Bicicleta que vai ligar Figueira de Castelo Rodrigo a Bragança confrontará o “pelotão” com um percurso extremamente sinuoso, do qual o calor e a travessia da Serra de Bornes serão os principais obstáculos. De registar, contudo, que as primeiras dificuldades registar-se-ão, logo no primeiro terço da etapa com a passagem em Vila Nova de Foz Côa e Torre de Moncorvo. Será já em estradas brigantinas, com o Castelo Medieval de Bragança como pano de fundo, que a derradeira seleção se fará, com a Avenida D. Sancho I, local de final de etapa, a assistir, certamente, à chegada de um pelotão muito fracionado.

4ª Etapa – Macedo de Cavaleiros » Mondim de Basto (Sr.ª da Graça) – 152,7 KM
8 agosto, 3ª feira
Dia de Conferência de Líderes em Mondim de Basto

Prestes a concluir 40 anos sobre a estreia de 1978 na Volta, o Monte Farinha, popularmente conhecido por Senhora da Graça, proporcionará o primeiro grande confronto entre candidatos nesta prova. Com apenas 152, 7 km, a mais pequena etapa está repleta de dificuldades, não fosse o terreno transmontano recheado de obstáculos montanhosos. Será, no entanto, após a passagem em Vila Real, na travessia da Campeã, que entre a Serra do Marão e do Alvão, se revelará o mítico palco do Monte Farinha. A História revela-nos diferentes desfechos mas nunca um vencedor da “Volta”, se afirmou como tal, sem uma boa prestação na Sr.ª da Graça. Este ano não fugirá à regra.

5ª Etapa – Boticas » Viana do Castelo – 179,6 KM
9 agosto, 4ª feira
Das Terras do Barroso a “Viana da Foz do Lima”

Não fosse a difícil travessia do Gerês, o final em subida no Santuário de Santa Luzia, e um pelotão fatigado mas inconformado e quase se poderia adivinhar um dia calmo para apreciar os 180 km de uma das mais belas etapas da “Volta”. Na realidade quem sair como líder desta primeira fase da prova que termina em Mondim de Basto, passará a ter, assim como a sua equipa, a ingrata missão de tentar controlar os intentos de um, ainda, alargado número de adversários, que habitualmente colocam o seu inconformismo na busca de oportunidades que estas etapas de transição proporcionam. As fugas “consentidas” com mais de metade dos corredores a dezenas de minutos dos primeiros, terão agora máximo protagonismo. Ainda assim, julgo, pela importância desta etapa, que a vitória será discutida entre os principais candidatos.

6ª Etapa – Braga » Fafe – 182,7 KM
10 agosto, 5ª feira
Abençoados no “Bom Jesus” e na N.ª Sr.ª do Viso para enfrentar as Serras de Fafe

Os 183 km que vão fazer merecer o dia de descanso, na “Sala de Visitas do Minho”, terão um elevado preço a pagar. Culminando a sequência de varias etapas complicadas, a ilustre etapa de Fafe, enriquecida em 2016 com a inclusão do famoso troço de terra do Rali de Portugal, o Salto da Pedra Sentada, que mantemos este ano, verá as dificuldades aumentadas com a passagem no difícil Monte do Viso, Prémio de Montanha de 1ª Cat, em Celorico de Basto, a aproximadamente 50 km da chegada. Desenrolada num verdadeiro “carrossel” altimétrico, de grande exigência física e anímica, este dia pode revelar, mesmo entre os melhores, algumas fragilidades impossíveis de ocultar neste tipo de cenário.

7ª Etapa – Lousada » St.º Tirso (Monte N. Sr.ª da Assunção) – 161,9 KM
12 agosto, Sábado
Vale do Sousa e Tâmega aquece as pernas para o Monte Córdova

De regresso ao “trabalho”, a ligação Lousada – Santo Tirso com cerca de 162 km apresenta-se como uma das mais importantes tiradas da “Volta”. Num percurso sinuoso, marcado na fase inicial pelo Vale do Tâmega e a passagem em Marco de Canaveses será na segunda metade da etapa, após a passagem em Penafiel e o reencontro com Lousada, em zonas maioritariamente urbanas, que a etapa se enervará a caminho de Santo Tirso. O maior relevo estará, obviamente, reservado para os quase sete quilómetros que separam, a cidade do Santuário de N.ª Sr.ª da Assunção, no Monte Córdova, coincidente com um Prémio de Montanha de 2ª categoria. A reação ao dia de descanso por parte dos ciclistas revela, muitas vezes, surpresas desagradáveis para alguns. Será que todos os candidatos vão estar à altura deste final de etapa!? Parece-me bem que não!

8ª Etapa – Gondomar » Oliveira de Azeméis – 159,8 KM
13 agosto, Domingo
Gondomar CED 2017 apadrinha capítulo final da “Volta

Faltam três dias. Três dias distintos com o pontapé de saída a ser dado em Gondomar, Cidade Europeia do Desporto 2017. A ligação a Oliveira de Azeméis, apesar de curta, com apenas 160 km, não configura dia tranquilo apesar das fabulosas paisagens proporcionadas pelo rio Douro e Paiva convidarem ao relaxamento. Polvilhada de contagens de Montanha, a que juntamos a ingreme reta da meta, na Avenida D. Maria I, em Oliveira de Azeméis, rapidamente nos apercebemos do cuidado e atenção que requer esta etapa. A única certeza neste dia é que Oliveira de Azeméis nos vai brindar, como habitualmente, com uma das maiores enchentes da “Volta”.

9ª Etapa – Lousã » Guarda – 184,1 KM
14 agosto, 2ª feira
Regresso da Lousã dá o mote para a “Etapa Rainha”

Última etapa em linha. Última possibilidade de confronto “ombro a ombro”, “olhos nos olhos”. Serão os derradeiros 185 km em que a Lousã verá partir, a caminho da Guarda, os “Bravos da Estrada”. Góis, Arganil, Oliveira do Hospital, com o seu Arco Romano de Bobadela, como pano de fundo, assistirão ao calvário que vai conduzir a Seia e ao Alto da Torre, único Premio de Montanha de categoria Especial da prova. Ultrapassado o “Bojador”, teremos o Vale Glaciar e Manteigas a conduzir a caravana até à escalada final que reencontra a cidade mais alta de Portugal, a Guarda. Se, ainda assim, restarem duvidas, o acerto final, de contas, terá de ficar para Viseu.

10ª Etapa – CRI Viseu – 20,1 KM
15 agosto, 3ª feira
Cidade de Viriato consagra na Avenida da Europa “Os guerreiros da Volta”
O CRI de Viseu com 20,1 km, será o mais curto dos últimos anos discutido num percurso misto, entre a zona urbana e a zona campestre, onde não faltará, na parte final, a passagem na zona histórica com D. Duarte e a Sé de Viseu a merecer a visita dos “Guerreiros”. Com alguma componente técnica e um relevo que, não apresentando elevações consideráveis, revela muitas oscilações, exigindo empenho físico e alguma frescura anímica. Depois de dez dias de prova, os grandes especialistas de contrarrelógio estão, quase sempre, num patamar de igualdade com os grandes “voltistas”. É também neste contexto que o CRI de Viseu será discutido. Quem ganha em Viseu será ou não o mais forte da “Volta”!?