João Felix concedeu uma longa entrevista ao Canal BTV, onde fala sobre a sua vida desportiva, familiar e… sobre o futuro.


Há muita gente que o trata por João Félix e há muita gente que o trata por João ‘Féliz’. Afinal é de que forma?

É João Félix. Muitos já me disseram que se diz João ‘Féliz’, mas eu continuo com a minha ideia, foi assim que os meus pais me ensinaram. É João Félix que tem de ser.

No balneário como é que o tratam? Tem alguma alcunha?

João, Félix, depende do jogador e do contexto. Na altura também brincavam com a situação dos 120 milhões de euros [de cláusula de rescisão], e depois entre outras alcunhas que é melhor não dizer aqui [risos].

Como é que foi recebido num balneário onde já estavam tantos campeões? Chega com 18 anos à equipa principal do Benfica… Lembra-se como foi o primeiro dia no balneário? Quem é que o recebeu? Pode partilhar isso connosco?

Foi um sonho tornado realidade. Estar ali com aqueles jogadores todos que víamos na televisão, que jogávamos com eles na PlayStation… Foi muito bom ter ali grandes jogadores, grandes ídolos, e os que mais me acolheram foram o Jonas, o Pizzi, o André Almeida, foram os primeiros a tentarem integrar-me no grupo.

E fizeram alguma praxe?

No início, não. Mais tarde, passado um mês de pré-época, tivemos de cantar para todos no jantar.

Joga com o n.º 79 porquê? Foi o João que escolheu?

Fui, mas na altura, na equipa B, eu ainda era júnior de 1.º ano. Um dia, estávamos a almoçar, o Luís Batista passou lá com uma folha com os números para vários jogadores escolherem. Como era o mais novo fui o último a escolher. Havia lá dois ou três que tinham sobrado e, pronto, escolhi o 79.

Tem algum número preferido ou vai querer continuar com este número?

Gosto do 79 agora, tenho um carinho especial por esse número e vou ter sempre, mas o n.º 10 é aquele de que eu sempre gostei desde criança.

Há exatamente um ano por esta altura estava prestes a sagrar-se Campeão Nacional de Juniores. Um ano depois foi Campeão Nacional de Seniores, o título máximo em Portugal. Passou quase de desconhecido para um jogador idolatrado. Consegue fazer a vida que fazia?

Não, não. Completamente diferente. Ir a centros comerciais então já estabeleci que tem de ser ali à segunda-feira, a seguir ao almoço, que a malta está no trabalho e na escola, para não apanhar tanta gente. Relativamente a restaurantes, tento ir a uma hora mais calma e para uma mesa mais calma.

É bom ter fama? Como é que lida com isso?

É bom, tem os seus prós e contras, mas a maioria são coisas a favor. Somos reconhecidos, somos como ídolos para muitas pessoas e isso faz-nos sentir muito bem.

Tentou conciliar os estudos com o facto de ser jogador da equipa principal do Benfica, é verdade?

Ao início, quando começou a época, ainda não era muito conhecido. As pessoas sabiam quem eu era, mas não era aquilo que sou agora, e nessa altura já me abordavam. Se fosse agora para a escola, nem imagino como seria.

Tinha aquela intenção até porque os seus pais são professores, certo?

Sim, os meus pais são professores, sempre colocaram a escola à frente do futebol. Por exemplo, quando era para ir para os treinos, eles iam buscar-me à escola para me levar para os treinos e diziam que, se não tivesse os trabalhos de casa feitos, não me levavam ao treino. Por isso tinha de fazer os trabalhos de casa.

Falemos da importância da família na sua vida de jogador…

Uma mãe que deixou os filhos saírem de casa cedo, é difícil… Não sou pai, mas acredito que para os pais, deixarem os filhos sair de casa cedo, não acompanharem a sua adolescência, é difícil. Eles sentiram muito isso, procuraram sempre estar connosco nos melhores momentos, nos momentos mais difíceis. A vida que eu e o meu irmão [Hugo Félix] temos, as pessoas que nos tornámos, devemos a eles. A minha família são as pessoas que sempre me apoiaram em tudo. O meu pai, a minha mãe e o meu irmão, que sofre tanto ou mais que eu… As minhas conquistas são as deles, as minhas derrotas são as deles. Quando estou contente, eles também estão. Desde que os filhos estejam contentes, eles também vão estar sempre contentes. É muito bom ter essas pessoas ao meu lado, que me apoiam sempre.

Muita gente não sabe, mas o João nasceu em Viseu. Com quantos anos é que foi para o FC Porto, para ficar a viver no Porto?

Para viver foi com 11/12 anos. Antes, ia três a quatro vezes por semana. Três vezes treinar e uma ao fim de semana para jogar. Houve momentos em que até jogava sábado e domingo. No sábado tinha jogo de Campeonato e no domingo era um torneio entre as equipas do Porto. Chegava a ir cinco vezes por semana e, sim, eram muitos quilómetros, muitos sacrifícios que [os meus pais] faziam, e que agora foram recompensados.

Partilhou nas redes sociais uma foto em que estava com o n.º 37 no equipamento, então numa equipa de escolinhas do Benfica…

Não acredito em coincidências. Acredito no destino, e aqui está prova. Devia ter uns sete/oito anos. Fui fazer um treino ao Benfica, tinha a camisola n.º 37, e eu nem tinha a foto gravada. Estive no Twitter a ver as notícias que tinham saído, alguém meteu essa foto, eu guardei-a e acho que fiz bem em partilhá-la. Fez sucesso.

Começou nos Pestinhas em Viseu. Não sei se sabe, mas os Pestinhas ganharam o primeiro título da sua história no dia em que foi Campeão aqui no Benfica…

É verdade, ainda joguei lá uns anos. O meu pai foi o meu primeiro treinador lá, mas só no primeiro ano.

Fala sempre com o seu pai antes dos jogos. Foi professor de Educação Física, preparador físico de alguns clubes, treinador… Falam muito sobre o seu jogo?

É o meu treinador de casa. Desde cedo ele me dizia, quando eu estava no treino, algumas coisas para melhorar, mas se o míster dissesse o contrário do que o meu pai estava a dizer, ele dizia-me para obedecer ao míster. O míster é que manda ali. Claro que ele me dizia sempre alguns aspetos que eram melhores para mim. Eu tentava fazê-los, ainda hoje tento. Sempre que acabam os jogos, e depois nas viagens, quando estamos juntos, fala sempre dos lances em que devia ter feito isto ou aquilo, tenta corrigir os erros para que no jogo seguinte corra melhor.

Hoje em dia as novas gerações começam a jogar futebol nos campos sintéticos, mas antigamente, e mesmo em países como o Brasil, nas favelas, os miúdos que têm grande talento começavam a jogar o futebol de rua. O João tem esse lado do futebol de rua, mas jogava na rua ou jogava nos sintéticos quando era criança?

Apanhei uma altura em que era quase tudo campos sintéticos. Não sou muito velho, mas jogava em todo o lado, escola, casa… Os meus pais iam para o café com os amigos, não ficávamos sentados, como é óbvio, e jogávamos lá ao pé. Onde havia espaço, era sempre para jogar à bola. Acho que é daí que vem esse futebol de rua.

Agora tem o seu irmão [Hugo Félix] aqui no Benfica. Há um momento fantástico no jogo com o V. Setúbal em que marca um golo no topo sul e vai ter com o seu irmão, que por ser jogador dos Iniciados estava ali como apanha-bolas, e celebram o golo. Conte agora na primeira pessoa este momento. Isto foi combinado?

Foi apanha-bolas pela primeira vez nesse jogo. A partir daí começou a ir sempre que podia, só falhou um jogo porque também ia jogar. Soube uma hora antes do desafio que ele ia para apanha-bolas e no aquecimento andei à procura dele para ver em que lado do Estádio ia ficar. Não é coincidência, mais uma vez correu bem e calhou no momento certo.

E os seus companheiros de equipa também sabiam?

Eles ficaram surpreendidos, e mesmo as pessoas no Estádio diziam: “Que sorte daquele apanha-bolas que foi lá festejar com ele.” Mal sabiam que era o meu irmão que lá estava.

E o seu irmão pode dar jogador. O que acha dele?

Pode. Ele agora faz coisas que eu quando tinha a idade dele não fazia. À partida, e se tudo correr bem, ele tem uma mentalidade muito forte também, vai dar jogador de certeza.

Fez uma exibição memorável no Estádio do Dragão, marcou, o Benfica ganhou, e depois, no final, há aquela imagem onde tenta cumprimentar Sérgio Conceição e ele deixa-o de mão estendida. O que é do campo fica no campo? Ficou alguma mágoa? É verdade que tem uma boa relação com o próprio Rodrigo Conceição, filho do treinador do FC Porto?

Logo no primeiro ano em que vim para o Benfica, partilhei o quarto com o Rodrigo. Desde aí criei uma relação muito próxima com ele, já lá vão quatro anos e, nas férias passadas, passei-as lá com eles em casa, pessoas cinco estrelas. O que aconteceu ali [clássico no Dragão], aconteceu. Estava de cabeça quente, acontece. Aquele jogo ninguém quer perder, era um jogo importante para a luta pelo título e, pronto, aconteceu. Na altura fiquei um bocado triste, mas depois as coisas resolveram-se, o Rodrigo explicou-me o porquê e ficou tudo bem.

Tinha estabelecido alguma meta de golos para esta temporada?

Claro que gostamos de fazer sempre o máximo número de golos possível. Tinha estabelecido uma marca para primeira época de dez golos. Não estava a jogar muito na primeira metade da época e pensei que já não ia chegar lá. Em janeiro tudo mudou e ultrapassei essa marca.

Tem uma fasquia de golos para a próxima época?

O objetivo é sempre fazer mais do que na época passada, fazer sempre o máximo possível, e depois o mais importante de tudo é que a equipa consiga sair vitoriosa de todos os jogos se for possível.

Lembra-se do primeiro golo que marcou?

Claro, foi contra o Sporting. Não dormi nessa noite, vi o golo algumas 50 vezes, ainda por cima tinha entrado na 2.ª parte, estava há uns oito minutos em campo, dez, talvez, e fazer o golo do empate contra o eterno rival do Benfica… não tenho palavras, nem tive na altura.

E do segundo golo, que foi no seu primeiro jogo a titular?

O segundo foi contra o D. Aves. A bola caiu nos pés do homem certo para me passar, o Pizzi, depois tentei marcar e consegui.

O último golo da temporada foi no jogo do título, no Estádio da Luz, frente ao Santa Clara. Uma bela execução…

Sempre foi uma finta que eu usei muito, que dá sempre motivo de gozo quando o jogador adversário faz isto e é bonito de se ver. Naquela situação, se calhar muitos jogadores têm a tendência de chutar logo, mas foi o instinto. Nasci com isso, felizmente, e ajuda-me em muitas situações.

Foi este o golo mais bonito?

É capaz. O golo contra o Marítimo, em casa, daquele canto, logo no início do jogo, também foi bom. Depois há outros golos também, não pelo golo em si, mas pelo contexto do jogo. Foram golos de que gostei muito.

É difícil encontrar um defeito. O João já percebeu onde tem de melhorar?

Tenho muito que melhorar ainda, ainda sou novo e uma pessoa tem sempre coisas a melhorar até ao fim da vida. Jovem como sou, ainda tenho muitas coisas a aprender.

Na véspera do jogo, sonha com aquilo que vai acontecer na partida?

Sonhar se calhar não, mas pensar em fazer esta ou aquela jogada, fazer este ou aquele drible, tentar esta finta, este passe, isso pensamos sempre.

Quando chega a casa revê o jogo?

No dia do jogo não vejo, vou descansar, mas depois procuro ver, não sempre. Quando o jogo não corre tão bem e houve mais coisas que não fizemos tão bem, vejo para tentar corrigir, e mesmo as coisas boas vejo-as para continuar a fazer.

Quando perde como é que chega a casa?

Para quem está comigo não é bom [risos], mas as pessoas percebem e quem sofre mais com isso até são os meus pais, que estão comigo depois dos jogos. Peço-lhes desculpas por isso, mas saio ao meu pai.

Qual foi o golo mais importante para a equipa?

O golo no Dragão, que nos deu o empate no início do jogo. Foi esse o mais importante, sendo que depois acabaríamos por ganhar essa partida. Essa foi, se calhar, a vitória mais importante do Campeonato e fez-nos passar para o 1.º lugar. Esse jogo foi especial, foi bom voltar àquela casa. Voltar, fazer golo, sair de lá com a vitória e no 1.º lugar… teve um gosto muito especial.

Muitos jogadores assistiram para golos de João Félix. Pizzi e Seferovic foram os que mais passes para golo lhe deram. Há uma química diferente sobretudo com estes dois?

O Seferovic joga comigo lá na frente e temos de ter uma boa relação, uma boa química para as coisas funcionarem bem, e o Pizzi é um dos meus “pais” no plantel, estou com ele desde o primeiro minuto que chegamos ao treino até irmos embora. Estou sempre com ele.

Se tivesse de atribuir o prémio de melhor jogador do campeonato, a quem é que o entregava?

Atribuía ao Pizzi, por tudo o que fez. O Bruno Fernandes também fez uma excelente época, mas o Pizzi, por todos os golos que fez, as assistências que realizou, o que fez jogar a equipa, e como no fim conquistou o Campeonato Nacional, acho que ele merece essa distinção.

E para o João, o prémio revelação?

Sim, revelação, pode ser, aceito.

Qual o defesa mais complicado que enfrentou nesta época?

O Pepe. Houve algumas picardias, mas tudo normal. É uma excelente pessoa, logo no primeiro dia que cheguei à Seleção, ele brincou com a situação de estarmos “picados” no jogo, mas é uma pessoa cinco estrelas.

Qual o segredo para os jovens do Benfica terem este à-vontade na equipa principal?

O que fazíamos num lado [equipa B], temos de fazer no outro. Somos quem somos e não temos de passar uma imagem do que não somos. Estes jogadores que vieram para a equipa A [Zlobin, Ferro, Florentino e Jota] têm todos uma grande mentalidade, e, como o Pizzi disse, transmitem essa maturidade.

Que tipo de brincadeiras é que fazem depois dos treinos?

Desde a ‘pataleca’ (não deixar cair a bola no chão), fazer remates da bandeirola de canto para tentar colocar na baliza, muitos jogos…

Quais as maiores diferenças que sentiu entre o Campeonato de Juniores, 2.ª Liga e a 1.ª Liga?

A diferença estará na intensidade do jogo. No processo defensivo temos de correr mais, ser mais agressivos, e isso na 2.ª Liga fez-nos bem, porque aí já jogamos contra jogadores mais experientes, e depois a adaptação ao escalão principal é mais fácil, mas sente-se sempre a diferença.

Não sente a pressão dentro de campo?

Pressão é não ter comida para alimentar os filhos. Nós fazemos o que gostamos, somos pagos por isso. Claro que temos sempre algumas situações complicadas, mas fazemos o que gostamos e quando vamos lá para dentro as coisas saem naturalmente, esquecemo-nos de tudo e focamo-nos apenas no que está a acontecer dentro de campo.

Qual foi o seu melhor jogo?

Esse acho que toda a gente sabe. Foi o jogo contra o Eintracht Frankfurt, fiquei emocionado por ter feito um hat-trick. Um hat-trick é sempre um hat-trick, mas sendo na Liga Europa, a 2.ª competição mais importante do mundo ao nível de clubes, e sendo o jogador mais jovem a conseguir isso, é emocionante.

Onde se sente mais confortável a jogar?

Eu prefiro jogar no corredor central, onde toco mais vezes na bola e onde estou mais perto de fazer golo. Posso jogar em qualquer posição, mas a que prefiro é no corredor central, mais perto da baliza. A minha posição é um pouco o “vagabundo”, não tenho uma posição fixa, ando um pouco por todo o campo.

Para além dos golos que apontou, também fez oito assistências na temporada. É um número que está dentro da expectativa?

Foi bom, dá sempre para melhorar. Claro que queria ter mais, mas esse papel foi para o Pizzi este ano.

Quais são as suas referências dentro do plantel?

São todos. O Pizzi é um grande ídolo, mas, desde as primeiras vezes que eu vim treinar à equipa principal, o Jonas sempre foi aquele que me acarinhou mais, que falava comigo, perguntava como estava, sempre puxou muito mim e é um dos jogadores com quem tenho maior empatia.

Quando jogava futebol em criança, qual era o seu ídolo?

Gostava muito do Kaká, e depois de ver muitos vídeos dele, vídeos em que o Rui Costa também aparecia, este também se tornou um dos jogadores que mais gostava de ver jogar. Esses dois sempre foram exemplos para mim. Fazer o que o Rui Costa fez, ganhar o que ele ganhou não é fácil, mas vou fazer por isso e tentar ser tão bom como ele, ou melhor, se for possível.

O Benfica fez 60 jogos nesta época. Qual foi o melhor jogo da equipa?

O 2-4 em Alvalade. Fizemos um grande jogo desde o primeiro minuto até ao fim. Ofensiva e defensivamente estivemos muito bem. Falhámos muitos golos, o resultado podia ter sido mais volumoso.

A questão do VAR mudou um pouco a forma de jogar?

É mais a questão dos golos. Quando é um remate fora da área, à partida não vai ser anulado, só se houve uma falta antes, mas quando são aqueles golos na linha, ficamos um pouco desesperados para saber o veredito do videoárbitro.

Quais foram as primeiras palavras de Bruno Lage?

O míster dizia que não ia interferir com as nossas decisões, interferia com o nosso posicionamento. A partir do momento em que o posicionamento estivesse correto, as decisões iam acabar por ser melhores. Foi isso que aconteceu, e nós jogávamos como se estivéssemos na rua. Estávamos felizes a jogar, jogávamos completamente à vontade.

O que é que Bruno Lage tem de especial?

Tem muita coisa de especial. Além de ser um grande treinador, que tem vindo a demonstrar isso, é uma excelente pessoa, um grande homem. Sempre nos passou essa ideia de que, antes de sermos grandes jogadores, tínhamos de ser grandes homens, porque isso depois facilita em tudo, no futebol, na vida, e foi mais essa a mensagem que ele nos transmitiu.

Qual foi o momento mais marcante da conquista do Campeonato?

Foi quando os meus pais desceram ao relvado e os pude abraçar depois de o título estar do nosso lado. Apertei tanto os meus pais que quase ficaram sem ar.

Como foi estar no Marquês?

Foi muito bom, os adeptos estiveram sempre a puxar por nós nestes últimos jogos, as receções no Estádio foram incríveis. No plantel houve jogadores que disseram que nunca tinham tido uma receção como aquela que aconteceu no último jogo do Campeonato, e isso dá-nos logo outra motivação para o jogo.

Como é a sua relação com o Presidente Luís Filipe Vieira?

A relação é muito boa, ele deixa-me sempre muito à vontade. Temos vindo a falar muito nestes últimos tempos, tem-me acarinhado muito, ele gosta muito de mim. Diz que me trata como um filho e acredito que sim. É uma excelente pessoa e gosto muito dele também.

Qual vai ser o seu futuro. O que é que o João quer?

Eu acho que isso o tempo o dirá. Eu estou bem aqui, estou muito contente, adoro o Clube, adoro estes adeptos que me adoram. Quero aproveitar o momento, jogar à bola, divertir-me a fazer o que gosto, e depois, com o tempo, as coisas acontecem naturalmente. Estou muito feliz no Benfica.

Acha que este Benfica, com jogadores do Caixa Futebol Campus, tem condições para se bater na Europa?

Tem claramente, mesmo com os jogadores que estão a ser formados ainda. Há muita qualidade na Formação, e esta fornada de jogadores que veio agora para a equipa A tem muita qualidade e uma mentalidade muito forte. Não é fácil miúdos assim tão novos chegarem à equipa principal e afirmarem-se da maneira que se afirmaram. Com os jogadores jovens, mas também com os jogadores mais experientes, temos possibilidade para nos batermos na Europa, perfeitamente.

Tem o objetivo de um dia chegar à Bola de Ouro?

Tenho, claro. Acho que todos os jogadores têm. A Bola de Ouro é o ponto máximo de um jogador em termos individuais, por isso claro que gostava. Quem é que não gostava de ganhar?

Quando se juntam os nomes João Félix e Cristiano Ronaldo há sempre muito que falar. Como foi a primeira conversa com ele?

Foi estranho, nunca o tinha visto ao vivo, assim tão perto, e eu disse depois aos meus colegas e melhores amigos, quando cheguei a casa, que parecia que estava no modo carreira na PlayStation, parecia um boneco. Foi estranho, mas foi um sonho tornado realidade estar com ele no mesmo balneário, mas nem me lembro do que ele disse, porque ao início só estava a pensar que estava ali ao pé dele. Mas foi muito bom.

Quem são os melhores jogadores do mundo na atualidade?

Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar, Mbappé, todos esses de quem se fala.

Não esteve presente no último Campeonato da Europa Sub-19, nem esteve na outra conquista dos Sub-17. Como é que o melhor jogador desta geração não é campeão de Sub-17 nem de Sub-19?

É uma geração muito forte, se calhar das gerações mais fortes que surgiram nos últimos tempos e um jogador não faz uma equipa. Claro que ajuda, mas há outros jogadores muito bons, que fazem um coletivo muito forte e conseguiram ganhar esses dois Campeonatos da Europa, com todo o mérito, e estou muito contente por eles porque são, e foram, meus colegas de equipa.

Depois de ter conquistado os objetivos no Benfica tem agora esse objetivo individual de ser titular na Seleção? Está perto de chegar lá?

Sim, está cada vez mais perto. Não sei se será agora [na final four da Liga das Nações], se será no próximo estágio, mas que está perto, está.

O que representa, para si, ter tantos jogadores formados no Benfica?

É fruto do trabalho que o Benfica tem vindo a desenvolver nestes últimos anos, o esforço que todos têm feito, o esforço que o Presidente tem feito para proporcionar as melhores condições aos jogadores, para evoluírem.

Uma mensagem para os Benfiquistas…

Gostei muito deste primeiro ano, gostei muito da forma como me acarinharam, estou muito grato por isso, porque isso facilitou muito na minha ascensão no Clube. Obrigado a todos!