Nélson Verissimo: “A saída do Bruno [Lage] teve um impacto forte nos jogadores”

© SLB

Na antevisão ao jogo frente ao Boavista, Nélson Verissimo reforçou a ambição na luta pelo título nacional enquanto for “matematicamente possível”.

Qual é a sensação de assumir o comando técnico da equipa principal, depois de 16 épocas ao serviço do Benfica [primeiro como jogador, agora como treinador]?

Acima de tudo, com espírito de missão. Tivemos quatro treinos para preparar este jogo com o Boavista, que foi o foco principal destas quatro sessões, trabalhando para aquilo que nos espera nesse jogo.

O Presidente Luís Filipe Vieira falou consigo para comandar a equipa no jogo com o Boavista. Vai ficar até este jogo ou está combinado ficar até ao final da temporada?

Eu apenas vou falar daquilo que foi a preparação para o jogo com o Boavista. Tudo o que for para além disso eu não irei falar. O foco é o jogo e foi na preparação das sessões de treino até ao desafio com o Boavista. Isso aconteceu, os jogadores tiveram grande empenho, tal como foi apanágio em todas as outras sessões em que aqui esteve o míster Bruno Lage. O foco está em perceber as dinâmicas da equipa adversária e dar uma boa resposta no jogo.

Qual foi o impacto da saída de Bruno Lage?

Nos primeiros dias, não vou negar, a saída do Bruno [Lage] teve um impacto forte nos jogadores. Eles sentem que o treinador – que era alguém de quem gostavam e gostam e que podia continuar a liderar esta equipa técnica – acabou por sair fruto da sequência de resultados. Portanto, estes primeiros dias foram, ao fim e ao cabo, para criar situações em que eles pudessem voltar a ter alguma alegria para preparar o jogo com o Boavista. Relativamente a tudo o resto, àquilo que são as rotinas de trabalho, as coisas mantiveram-se praticamente inalteráveis.

Encontra explicações para este momento que vive o Benfica? De que forma é que se pode dar a volta?

O melhor remédio será ganhar. Sabemos que vimos de um ciclo que não é positivo e a melhor forma que temos de o quebrar é ganhando. Toda a gente está consciente disso, incluindo os jogadores. O que eu sinto é que existe muito foco e muita ambição para que no jogo de amanhã [sábado] se possa dar uma resposta muito positiva e voltar às vitórias.

Que resposta espera da equipa neste jogo no Estádio da Luz?

Acredito que vai dar uma resposta positiva. Estes quatro treinos representam isso mesmo, dão essa ideia e estou convicto de que isso vai acontecer. É esperar pelo início do jogo. Os jogadores estão tranquilos, conscientes da responsabilidade que têm e da importância de uma vitória amanhã [sábado], mas isso é algo que eles sabem perfeitamente. Estamos tranquilos em relação ao que vai acontecer.

Vai promover muitas mudanças na equipa?

Essa era uma pergunta que suspeitei que pudesse acontecer… Em primeiro lugar, em quatro dias não há muito para mudar; em segundo lugar, eu estava integrado numa equipa técnica liderada por Bruno Lage, que tinha uma forma de trabalhar e de ver o jogo com a qual eu muito me identifico; e depois ainda há um terceiro aspeto: relativamente ao último jogo, tínhamos dois jogadores que estavam castigados e que agora podem ser opção para o jogo de amanhã [sábado].

E já terá Adel Taarabt disponível?

Não, o Adel continua lesionado, não vai a jogo.

Sentem que ainda é possível lutar pelo título nacional?

Falo acima de tudo do sentimento dos jogadores: matematicamente ainda é possível. Temos cinco jogos pela frente e, enquanto essa possibilidade estiver em aberto, vamos lutar por ela, começando já pelo jogo com o Boavista.

Os lances de bola parada têm sido apontados como um dos problemas da equipa…

Todos temos responsabilidade nisso, os elementos da equipa técnica, os que saíram e os que ficaram, e os jogadores. Não podemos apenas colher os louros quando as coisas nos correm bem. Quando as coisas estão menos bem, também temos de procurar o que se passou e ser responsáveis por elas. Obviamente também me sinto responsável por isso. Sabemos que temos alguns golos sofridos de bola parada, mas não seria benéfico direcionar a nossa análise apenas para esse aspeto. Temos outros momentos do jogo em que também temos alguns problemas, mas também temos muito potencial noutros momentos desse mesmo jogo. A análise deve ser global, incidir em todos os aspetos do jogo e não apenas direcionada para as bolas paradas. Temos esses problemas, sim, mas temos vindo a trabalhar para corrigi-los.

Para quem não conhece o treinador Nélson Veríssimo, qual é a sua ideia de jogo?

Creio que ainda é um pouco prematuro para essa questão. Neste momento aquilo que eu gostava era de orientar o meu pensamento e energias para o jogo com o Boavista. É um desafio importante para nós. É no Estádio da Luz e temos obviamente de ganhar para acalentar a esperança de ainda chegar ao título. Vamos jogar contra uma equipa bastante organizada e orientada pelo míster Daniel Ramos. É uma equipa que não faz muitos golos, mas também não sofre muitos. É um conjunto aguerrido e competitivo. Teremos uma tarefa complicada pela frente, mas acredito que iremos estar à altura deste jogo.

Bruno Lage, quando soube que ia treinar a equipa principal, decidiu apostar em João Félix. Nélson Veríssimo tem algum trunfo na manga?

Julgo que não são situações comparáveis. A entrada do meu companheiro e amigo Bruno Lage é diferente desta situação que estamos agora a viver. É uma questão que neste momento não se coloca.

Texto: SLB