Rui Vitória, treinador do Benfica, fez a antevisão do jogo frente ao Desportivo das Aves, marcado para as 21h15 de sexta-feira, relativo à 3.ª e última jornada do Grupo A da Taça da Liga.

O Benfica reencontra o Aves quase três meses depois da vitória no jogo da Liga NOS no Estádio da Luz. Que diferenças espera encontrar no adversário?

É uma competição diferente. Sabemos que esta é a última jornada desta fase e o Aves e o Benfica são as únicas equipas do Grupo A que têm a possibilidade de passar à final four. Acredito que o Aves esteja muito motivado para lá chegar. Vai querer ganhar, porque é a única hipótese que tem, e nós também vamos querer vencer, porque não estamos com preocupações de empates ou de fazer o mínimo. A nossa preocupação é ir lá para ganhar, sabendo que vamos defrontar uma equipa com qualidade, que tem jogadores rápidos na frente e que nos podem causar chatices.

O Benfica está numa série de vitórias seguidas. Que trabalho foi feito para que os resultados sejam agora muito diferentes?

Houve de facto algumas mudanças internas no nosso funcionamento diário, mas não vou estar aqui a explicá-las. A mudança fundamental foi esta: se queremos mudar alguma coisa, também temos de mudar nós próprios. Foi uma reflexão de todos os jogadores, ter a consciência do que tínhamos de fazer. Ser ainda mais rigoroso, ser permanentemente exigente, unirmo-nos cada vez mais, acreditar no que estamos a fazer, não desviar o nosso foco… Houve uma série de estratégias que utilizámos. É evidente que houve coisas do ponto de vista operacional, mas que não vou esmiuçar aqui. Estamos a ganhar, mas isto não muda a nossa forma de pensar. É jogo a jogo, dando um passo de cada vez, procurando somar consecutivamente vitórias. É assim que pensamos.

Depois do resultado expressivo frente ao Braga, coloca-se a pergunta: a fase de retoma já acabou? E se já acabou, que fase é esta do Benfica?

Não temos uma janela de entrada nem de saída da fase de retoma. Houve um período em que as vitórias foram fundamentais, porque queríamos estar sempre dentro do Campeonato e queríamos estar nas quatro competições como estamos, e isso muitas vezes é pôr o resultado à frente de qual outra questão. Exibições como as que fizemos na primeira parte do jogo em casa do Belenenses e no reduto do Ajax não nos deram pontos. Quando se fala de resultados e de exibições, vamos ver os últimos dez jogos de uma série de equipas do nosso Campeonato e verificar quantas ganharam pela margem mínima… Associado a nós esteve sempre a ideia de uma vitória sofrida, uma dificuldade, mas com algumas equipas isso não aconteceu, sendo na mesma vitórias pela margem mínima. Para algumas equipas isso foi crença e determinação, mas para nós foi uma vitória sofrida… Resistimos a isso e temos de resistir, porque temos um foco muito grande, que é ganhar, se possível jogando bem. No último jogo fizemos uma exibição de enorme categoria, vamos tentar repetir e continuar. São tantos os jogos que temos nos meses de dezembro e de janeiro – 14 já garantidos, vamos ver se serão 16 – que não dá para estar a dizer se a fase de retoma acabou… Isto é uma luta diária! Agora é ganhar o próximo com o Aves, depois em Portimão… Importante é ganhar, se possível jogando bem.

O plantel do Benfica vai ser retocado e reforçado em janeiro?

Mais do que a questão de reforçar, são as mudanças que iremos fazer. Não direi que serão substanciais, serão questões de pormenor e terão sempre como fundo a capacidade financeira e o valor. Trazer por trazer não é o que queremos. Se entrar alguém, vamos à procura de soluções que o sejam de facto. As nossas ideias estão clarificadas e transmitidas. A maioria dos negócios faz-se no fim de janeiro. Vamos com cabeça, sabendo o que temos de fazer. Podemos ser incisivos sobre uma ou outra posição.

Este jogo com o Braga pode ter servido para passar a mensagem de que foi o da viragem do Benfica nesta temporada?

Todos os jogos são importantes. Foi uma partida que queríamos muito vencer, porque o adversário ia à nossa frente, tem enorme valor e porque era também um desafio para nós. Demos uma boa imagem e fizemos uma exibição de enorme categoria. Foi um jogo importante, mas não passa disto. Não entrámos em dramas por ganharmos outros jogos por 1-0 e agora também não entramos em euforia por vencer por 6-2. Foi um jogo bom, bem conseguido, com confiança, mas não chega, temos de continuar o nosso trabalho.

No futebol diz-se muitas vezes que em equipa que ganha não se mexe. Depois da boa exibição com o Braga, tenciona manter o onze na partida com o Aves?

Ouve-se muito esse ditado, mas, se tivermos de fazer alterações, terão de ser com argumento mais válido. Não podemos esquecer que estamos a competir com um intervalo de tempo muito curto, os tais 16 jogos que podemos ter de fazer em dezembro e janeiro, que para mim são uma enormidade e não havia necessidade de os fazer neste período. Também temos de olhar para cada jogador e a forma como recupera. Não temos intenções de grandes modificações, haverá aquelas que forem quase obrigatórias.

Foi preciso puxar a equipa para baixo depois do resultado tão positivo e da exibição tão exuberante com o Braga?

Não, porque os meus jogadores têm sido enormes profissionais desde o início. Infelizmente tivemos muito pouco tempo para estar com as famílias, já vamos viajar hoje, depois logo no dia 1 de janeiro teremos de viajar para Portimão… Há uma vontade muito grande de dar sequência àquilo que fizemos no último jogo. Os jogadores sabem isso. Não preciso de grandes estratégias de “psicologia”, temos uma relação muito clara e direta, eles sabem bem o que está aqui em causa, o que nós precisamos.

Um abraço solidário a Bruno Simões e à sua família

“Um abraço solidário ao adepto Bruno Simões! Isto que digo tem a ver com todos os Brunos e com todas as cores deste País. O futebol não é isto! O futebol é um espetáculo muito bonito, que deve ser cada vez mais vivido pelas famílias. As pessoas têm de ir ao futebol com tranquilidade. Que todos pensemos que esta modalidade e este espetáculo têm de ser bem defendidos e promovidos. As pessoas têm de assistir a um espetáculo de futebol com a máxima tranquilidade e ter a confiança de que podem trazer os seus filhos, as suas famílias sem qualquer risco. Um abraço solidário à família do Bruno Simões e a todos os Brunos deste País, independentemente das cores”.

Texto: João Sanches | SLB

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